Uma Escola Revolucionária!

Graciete Santos, educadora e presidenta da Casa da Mulher do Nordeste

A Escola Feminista foi uma experiência construída por muitas mãos e surge a partir das inquietações da Casa da Mulher do Nordeste sobre sua metodologia de formação com as mulheres urbanas e rurais. Queríamos uma ação que organizasse as várias temáticas e questões que já trabalhávamos em nossas oficinas e cursos. Também nos perguntávamos como aproximar as mulheres, que não tinham acesso à universidade, as questões relacionados as ciências humanas, como a sociologia, a ciência política, economia, a partir da perspectiva feminista. Desconstruir conceitos e paradigmas marcados pela ciência androcêntrica, patriarcal e racista. Essas questões nos motivaram a pensar em uma escola que oferecesse esse espaço de construção com as mulheres, desconstruindo a história, trazendo uma leitura feminista para esses campos, e dando também a oportunidade das mulheres serem sujeitos enquanto construtoras de conhecimentos.

Pensamos em usar o termo escola, como forma de provocar o modelo tradicional e apresentar uma outra proposta. Uma Escola Feminista! Essas nossas inquietações foram partilhadas com outras organizações parceiras da Casa da Mulher do Nordeste como o Centro das Mulheres do Cabo e Movimento da Mulher Trabalhadora do Nordeste, no contexto de construção do Projeto Mulher e Democracia, onde a Fundação Joaquim Nabuco foi parceira, através da importante contribuição da pesquisadora Cristina Buarque.

A partir daí fomos organizando e estruturando os módulos por temas fundamentais para ampliar a perspectiva feminista colocando-a como central para pensar os outros campos do conhecimento, assim como os diferentes contextos e públicos. Com o passar do tempo fomos ampliando outras questões, como a Agroecologia, a Fala Pública e Ativismo. Assim estruturamos a Escola Feminista em 07 módulos e atualmente se apresenta da seguinte forma: identidades e ancestralidade; história decolonial; sociologia e participação política; economia feminista; agroecologia; feminismo; fala pública e ativismo.

Várias experiências foram realizadas pela Casa da Mulher, pelo Centro das Mulheres do Cabo e Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste. A Escola Feminista ganhou o mundo, e tem contribuído para transformar a vida de várias mulheres em seus diferentes territórios. Destacamos a experiência em parceria com o Centro Sabiá, na ocasião da execução das chamadas de ATER Agrocologia e ATER Mulher, onde foi realizado para mulheres agricultoras  três Escolas Feministas em diferentes territórios em parceria com a Casa da Mulher do Nordeste e o Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste.  Muitos foram os aprendizados com essa experiência, em especial a oportunidade de contribuir com o Centro Sabiá, uma organização mista, em seu processo de mudanças e incorporação da perspectiva feminista em suas práticas institucionais.

Deixe um comentário

Seu email não será publicado.

PortugueseEnglishGermanSpanish