
Para lançar o Projeto Mulheres e Juventudes – pela Agroecologia e pelo Fim de Todas as Formas de Violência, a Casa da Mulher do Nordeste e a Fetape, idealizadoras do projeto, realizaram uma live nesta quarta-feira (28), com transmissão pelas páginas do Facebook e no canal do youtube das entidades.
Na live, foram trazidos temas como feminismo e agroecologia, a divisão justa do trabalho doméstico, a importância da participação e a construção de pautas pelas mulheres rurais sindicalistas em defesa da igualdade de gênero e a participação da juventude no campo. O debate contou com a presença da integrante do GT de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Sarah Luiza de Souza Moreira, a coordenadora do Fórum de Juventudes de Pernambuco (FOJUPE), Samara Santana, e a diretora de Política para Mulheres da Fetape, Adriana do Nascimento. O lançamento foi coordenado pela presidenta da Fetape, Cícera Nunes, e a presidenta da Casa da Mulher do Nordeste, Graciete Santos.
“Esse momento nos traz grandes desafios, mas essas parcerias nos deixam muito otimistas de que iremos construir ideias e diretrizes que podem se transformar em políticas públicas sociais. À instituição parceira, a Misereor, agradecemos por ter aceitado nossas ideias coletivas, e também às comunidades por estarem dividindo ideias agroecológicas com a gente, e principalmente por construirmos novos conceitos de combate à violência no campo”, avaliou a presidenta Cícera Nunes.
Para a presidenta da CMN, Graciete Santos, o projeto é uma forma de
fortalecer a luta cotidiana contra uma sociedade machista e patriarcal,
agravada pelo atual contexto político, econômico, sanitário e social do
país. “Esse projeto é uma oportunidade de fortalecermos nossas lutas e conexões
num momento de crise sanitária, absurda, de um governo racista e homofóbico”,
afirmou.
Debate e apresentações culturais na programação – A cientista
social Sarah Luiza de Souza Moreira falou sobre a necessidade do debate e do
enfrentamento permanente contra a violência de gênero e a importância de
promover processos formativos com mulheres, homens e a juventude como a
Campanha pela Divisão Justa do Trabalho Doméstico. Destacou ainda o trabalho
que vem realizando na ANA com um olhar sobre a realidade da vida das mulheres e
como elas constroem a agroecologia. “A gente cria estratégias para estarmos
juntas como essa, mesmo diante do contexto que estamos vivendo. Não vamos
parar, vamos seguir em movimento. Vamos continuar criando estratégias”, disse
Sarah.
Para que o público da live pudesse conhecer as experiências que farão parte do
projeto, foram exibidos vídeos com depoimentos de mulheres que integram a
Coletiva de Mulheres de Agricultura Urbana da RMR; o Grupo Flores de Ximenes,
da Mata Sul; e a Associação Comunitária das Mulheres do Sítio Estreito.
Sobre a trajetória que vem sendo construída pelas mulheres agricultoras
familiares e trabalhadoras rurais que enfrentaram e ainda desconstroem o
machismo dentro do movimento sindical rural, a diretora de Política para
Mulheres da Fetape, Adriana do Nascimento, lembrou de símbolos dessa luta
como a sindicalista assassinada por latifundiários na Paraíba, na década de
1980, Margarida Maria Alves.
“A incidência do
sindicalismo dentro do feminismo acabou sendo invisibilizada.
Quando, na verdade, realizamos a Marcha das Margaridas, mobilizamos
milhões de mulheres em todo o país, do campo e da cidade, desde o
ano de 2003. Falar do feminismo dentro do movimento sindical não tem como
não citar Margarida Maria Alves, símbolo de resistência, de luta do nosso
movimento sindical. Nosso movimento sindical compõem o levante feminista
compondo frentes de enfrentamento”, destacou Adriana do Nascimento.
Durante as falas do debate, a programação cultural contou com a música Germinar
da cantora pernambucana Flaira Ferro; a poesia de Flora Rodrigues,
poetisa e artista marginal; da poetisa de São José do Egito, Isabelly
Moreira, belinha; e o cantor Kauan do município de Tabira, no Sertão.
Os temas da juventude no campo, como o êxodo rural, foram apontados pela jovem
Samara Santana, que falou das perspectivas de uma vida melhor no campo a partir
das práticas da agricultura familiar e da agroecologia . “A questão do êxodo
rural e os fatores que levam a ele, como a falta de profissionalização,
principalmente no campo da agroecologia. Precisamos fazer como que a juventude
possa ver a agroecologia como discurso e prática, como ciência em movimento e
como possibilidade de modo de vida”, disse Samara.
Projeto – Foi construído coletivamente pela Casa da Mulher do
Nordeste e a Fetape, e será executado com apoio da Agência de Cooperação
Internacional Misereor, e conta com apoio da Articulação Semiárido Brasileiro
(ASA), Centro Sabiá e Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
A iniciativa contemplará mulheres e jovens das regiões Metropolitana do Recife
(RMR), Mata Sul, Agreste Meridional, Sertão do Pajeú e Sertão Central de
Pernambuco. O projeto terá como foco nove experiências que atuam nestas
localidades, a partir de três eixos de atuação: formação política e técnica;
organização social e produtiva, comercialização e geração de renda e formulação
de políticas públicas para fortalecimento da vida das mulheres e jovens dos
territórios.
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