
“E nessa ciranda o mundo
inteiro é meu, é seu, é meu, é seu
E nessa ciranda tatu bolinha virou bolão, balão, bolão, balão
E nessa ciranda o mundo inteiro é meu, é seu, é meu, é seu”
Ao som de ciranda, do grupo Palavra Cantada, as crianças da comunidade de Queimadas, em Afogados da Ingazeira, dançaram e entraram em contato com o mundo da ciranda. Dança e música originada mais precisamente na Ilha de Itamaracá, através das mulheres de pescadores que cantavam e dançavam esperando eles chegarem do mar. É uma dança comunitária que não tem preconceito quanto a sexo, cor, idade, condição social ou econômica, assim como não há limite para o número de pessoas que dela podem participar.
Inspirada nessa dança, as crianças tomaram contato sobre respeitar às diferenças, mesmo lutando por direitos iguais. É com essa disposição, que a Casa da Mulher do Nordeste, em parceria com a ActionAid Brasil através do Projeto do Sistema de Vínculos Solidários, tem realizado diversas atividades lúdicas e pedagógicas sobre a identidade racial e sua representação, com crianças e adolescentes no Sertão do Pajeú. Para a Casa da Mulher do Nordeste, esse é um assunto que faz parte da vida das crianças e de adolescentes do campo e da cidade, e que precisa ser trabalhado diariamente. ”Desde o ano passado nós estamos trabalhando com eles sobre diversos temas que fazem parte da vida, como a diversidade, o respeito às pessoas com deficiências e agora é sobre o racismo e autoestima. Durante as oficinas, eles sempre contam uma história que passam na Escola, percebemos que estão bem conscientes e conseguem perceber situações de preconceito e bullyng que sofrem ou que amigos e amigas passam dentro do ambiente escolar e nas comunidades”, disse Raquel Moura, assessora técnica da Casa da Mulher do Nordeste.
Além de Queimadas, a comunidade do Residencial Miguel Arraes, no mesmo município, também recebeu a atividade. Com pinturas e contação de histórias os pequenos entraram em contato com a representatividade racial. “Eu aprendi que não devemos praticar o racismo, pela cor que elas são. O racismo é muito ruim, afeta muito as pessoas. E eu tenho conversado com amigos que devemos amar a todos como são.”, contou Gabriel dos Santos, 11 anos.

Em seguida, as crianças e adolescentes assistiram aos vídeos: O mundo no Black Power de Tayó, e e Menina bonita do laço de fita, que trabalha a valorização da cor negra e do cabelo afro. E por fim, fizeram desenhos que representam essas imagens, e falaram sobre o assunto. Algumas crianças relataram que já presenciaram situações de preconceito com amigos e amigas, por terem o cabelo afro e serem negros e negras. “Pessoas que sofrem o racismo, se sentem muito tristes, choram. Eu tinha uma amiga que sofria, e um dia eu mostrei para ela que ela não devia ficar triste com o que os outros pensam dela, e que só importa o que ela acha dela.”, contou Maria Eduarda, de 11 anos. A próxima comunidade a receber as atividades é Umburanas, em Afogados da Ingazeira.
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