Os casos de violência contra as mulheres no Estado de Pernambuco continuam alarmantes, e no interior é ainda mais grave. Foram 43.553 denúncias de violência contra a mulher em 2022 e cerca de 72 foram vítimas de feminicídio, segundo balanço divulgado pela Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco.  Com a falta de uma Rede de atendimento à mulher vítima de violência, as agricultoras e moradoras dessas regiões ficam desprotegidas pelo Estado. Esse foi o assunto central do Seminário Regional do Sertão do Pajeú – Levante contra o Feminicídio e Transfeminicídio, realizado pelo Fórum de Mulheres do Pajeú que mobilizou cerca de 50 mulheres representantes de 10 municípios da região.

“Esse encontro foi o momento que ouvimos depoimentos e confirmamos o descaso da rede pública que não tem dado nem um apoio no enfrentamento à violência, seja dos municípios ou do governo do Estado. E sabemos que o número de mortes tem aumentado”, disse Michele Silva, coordenadora colegiada do Fórum de Mulheres de Pernambuco. Os únicos municípios do Sertão que tem uma estrutura de atendimento é Afogados da Ingazeira e Serra Talhada.

O objetivo do Levante é dar visibilidade a luta e mobilizar as mulheres para uma Audiência Pública que irá acontecer ainda este ano sobre a temática. Reforçar que a violência ainda não acabou e que políticas públicas precisam ser garantidas para a proteção das mulheres rurais e urbanas.

A iniciativa contou com a participação de mulheres agricultoras do projeto Caatinga Viva: transformando as relações sociais de gênero na paisagem do Pajeú, executado pela Casa da Mulher do Nordeste, com apoio do Fundo para a Promoção de Paisagens Produtivas Ecossociais (PPP-ECOS), do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no âmbito do Projeto Operacional do Small Grants Programme no Brasil, financiado pelo Fundo para o Meio Ambiente Mundial – GEF.