Caravana Margaridas pelo Fim da Violência contra as Mulheres reúne mais de 400 mulheres do Sertão e do Agreste pernambucano em março

Debates sobre as formas de violência e meios de educação prevenção e combate, apresentação de aplicativo de denúncia de violências de gênero e mobilização para 7ª Marcha das Margaridas estiveram entre os pontos principais dos encontros

Mais de 400 mulheres do Sertão e do Agreste pernambucano marcharam pelos seus direitos e contra todos os tipos de violência de gênero durante a Caravana Margaridas pelo Fim da Violência contra as Mulheres, do projeto Mulheres e Juventudes desenvolvido pela Casa da Mulher do Nordeste e pela Fetape, e também com o apoio do Projeto Caatinga Viva, nos dias 14, 15 e 17 de março, em Afogados da Ingazeira, Serra Talhada e Itaíba.

A proposta foi discutir sobre as formas de violência contra as mulheres trabalhadoras rurais, levando informações de relevância sobre denúncia e punição em cada território e mobilizando para a 7ª Marcha das Margaridas, em agosto rumo à Brasília.

No primeiro dia (15), em Afogados da Ingazeira, cerca de 250 mulheres se reuniram inicialmente no sindicato rural da cidade no café da manhã, saindo logo depois em marcha e batucada pela praça principal do Centro, com chamadas, palavras de ordem, música e faixas como “Você vai se arrepender de levantar a mão para mim” ou “Lugar de mulher é onde ela quiser”.

“Nós, da Casa da Mulher do Nordeste, estamos muito felizes, pois estamos há anos nesse território de luta, onde a gente se fortalece e luta todos os dias. Significa que nossa atuação vem crescendo e se alargando além das organizações feministas, mas também com o movimento sindical, as organizações que estão no campo das políticas sociais, da agroecologia, das mulheres, nos partidos políticos. É central a relação estratégica de educação, de mobilização, de conscientização e sobretudo de prevenção à violência contra as mulheres”, defendeu Graciete Santos, presidenta da Casa da Mulher do Nordeste.

Em seguida, o grupo lotou o Cineteatro São José, onde aconteceu o painel Pelo Fim de Todas as Formas de Violência contra as Mulheres, com a presença de Risolene Lima, da Coordenaria de Mulheres da cidade, Andreza Lima, delegada da Mulher, e Isabela Cabral, gestora da Diretoria Integrada do Interior da Polícia Civil. Além disso, houve apresentação do aplicativo Lamparina de prevenção e denúncia de violência contra as mulheres e foi realizado o lançamento da 7ª Marcha das Margaridas no Sertão do Pajeú.

“A gente traz como lema da marcha ‘Pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver’, porque é isso que a gente sempre fez como movimento sindical e organizações de mulheres. A luta se deu e se dá todos os dias, rompendo com esse lugar que nos oprime, que quer nos desconstruir, mas a gente não baixa a cabeça. Ergue e continua com a cabeça erguida para passar o legado daquelas que passaram antes de nós”, apontou Adriana Nascimento, diretora de Políticas para as Mulheres da Fetape e do polo do Sertão do Pajeú.

A segunda parada foi no dia 16, no município de Serra Talhada, onde o encontro de mais de 50 mulheres aconteceu na sede do polo da Fetape. Dessa vez, música e poesia encantaram a mulherada presente, em especial com a participação da poetisa Isabelly Moraes, de São José do Egito.

No painel “Pelo Fim de Todas as Violências contra as Mulheres”, por sua vez, estiveram presentes a representante da Secretaria da Mulher de Serra Talhada, Simone Soares, e a pesquisadora da UFRPE Lorena Moraes, que apresentou o aplicativo Lamparina de denúncia de violência contra a mulher. Foi a vez também do lançamento da marcha e da mobilização das mulheres da região.

“A luta não é fácil. E, quando não é fácil, a gente precisa dessa nossa união para continuar, principalmente entre nós mulheres. Esse movimento que estamos chamando de ‘caravana das margaridas’ tem tudo a ver com o que devemos estar discutindo entre nós. Temos que nos unir cada vez mais, nós, porque a violência ainda está aí na sociedade em tudo, tudo. Nós devemos nos preparar para daqui a alguns anos nós dizermos e nossas filhas dizerem que têm orgulho de ter nascido mulher no Brasil e em Pernambuco”, provocou a presidenta da Fetape e diretora do polo do Sertão Central, Cícera Nunes.

Por fim, o terceiro e último dia da caravana ocorreu na sexta-feira (17), no sítio Estreito, município de Itaíba, parte do polo sindical do Agreste Meridional, junto com a Associação Comunitária das Mulheres do Sítio Estreito. Mais de 70 mulheres participaram do encontro.

A manhã foi dedicada a uma conversa aberta e franca sobre os direitos das mulheres e as formas de prevenção e denúncia de casos de violência contra as mulheres, a apresentação do aplicativo Lamparina para as mulheres do Agreste Meridional, fala da presidente da STR do município e o lançamento da marcha naquele polo sindical.

“A caravana traz um pouco dessa discussão sobre o que é a violência, como ela nos afeta. A gente sabe que é um tema nada leve, pois, quando se fala de violência, se fala de algo que é doído, que machuca, que toca nas nossas vidas, dores e feridas. Mas se faz necessário que a gente possa conversar sobre esse tema, porque esse espaço a gente costuma dizer que quando estamos entre mulheres estamos em um espaço seguro”, defendeu a diretora de Organização e Formação Sindical e do polo do Agreste Meridional, Jenusi Marques, que esteve presente no terceiro dia da caravana. A iniciativa contou com o apoio da agência Misereor e do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), no âmbito do Projeto Operacional do Small Grants Programme no Brasil, financiado pelo Fundo para o Meio Ambiente Mundial – GEF.

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